sábado, 22 de janeiro de 2011

Bu.

Antes de mais nada, eu gosto muito dos dois, mas hoje é sobre ti que eu vou falar porque infelizmente nunca te consegui dizer tal coisa pessoalmente.

( sou eu e os avós paternos)

Tenho saudades tuas, muitas saudades. Nunca disse tal coisa e nunca deixei que ninguém me visse mal por teres partido porque se há coisa que eu sei que tu queres que eu faça, é nunca deixar que te relembrem da pior maneira, nunca deixar que chorem por ti e trazer sempre à memória de todos tudo aquilo que sempre nos proporcionas-te.
Já lá vão 5 anos desde a última vez que eu te vi, desde a última vez que senti a tua presença e desde essa altura que sinto que podia ter dito e feito muito mais coisas contigo. Tu e a avó sempre foram os meus segundos pais, segundo ela vocês são meus pais duas vezes e eu dou-lhe muita razão porque foi em vossa casa que “nasci”, foi com vocês que fiquei quando os meus pais iam trabalhar, foram vocês que (também) me criaram, foram os meus educadores de infância e em grande parte do tempo a vossa casa foi o meu infantário.
As memórias que tenho contigo são muitas, lembro-me muito bem de quando eu te ia acordar ao teu quarto só porque queria um chocolate que estava na tua gaveta, o quanto gostava de comer ao teu lado na mesa e das coisas que ambos adorávamos, como o pão-de-ló, as (raras) vezes em que a Avó ralhava comigo e tu dizias para ela não o fazer porque eu não tinha culpa nenhuma, as inúmeras vezes em que íamos passear ao Grande Porto e lanchávamos sempre na Império, e sempre a mesma coisa: tu bebias um café e água das pedras, a avó bebia um café ou um chá enquanto eu bebia um pingo ou um Compal e comíamos torradas juntas, era sempre isto, sempre.
Não me perguntes porque é que decidi falar de ti e para ti só agora porque eu não sei bem ao certo o motivo. Talvez porque nunca tive coragem de o fazer, nunca quis que ninguém se apercebesse que eu estava mais em baixo por tu já não estares mais comigo, pelo menos da mesma maneira, ou talvez porque nestes últimos tempos têm-se passado coisas que me trazem a tua imagem à memória e a imensa falta que me fazes.
Uma coisa é certa, sei perfeitamente que teres partido foi o melhor para ti, vi como sofres-te nos últimos tempos que cá estives-te e quando me vieram dar a notícia, eu já sabia do que se tratava. Não fui ao teu funeral, não te vi inconsciente (se é assim que se pode chamar) porque nunca me deixaram e talvez eu também não tivesse coragem para tal e agora percebo que foi o melhor para mim, assim sempre te irei recordar vivo e por incrível que pareça, a sorrir.
É disso que sinto mais saudades, do facto de estares sempre bem e fazeres sempre tudo para ver os outros bem. Quando entro em tua casa, a primeira coisa que vejo é a tua fotografia porque a Avó fez questão de a por à entrada para que sentíssemos a tua presença sempre que lá vamos. Ás vezes dou por mim lá em casa a olhar para as divisões, para as escadas ou mesmo para as paredes e a lembrar-me de coisas que lá vivi contigo, sim porque aquela casa também é um bocado minha.
Nunca encarei a tua partida como uma despedida porque quero acreditar que um dia ainda te vou voltar a ver e estar contigo, vou matar todas as saudades e dizer-te o que nunca tive coragem para dizer: Gosto bastante de ti “Bu”.

- até um dia.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Diz o que te vai na cabeça, e talvez no coração, não sou apenas eu que posso deixar "bocados" de mim neste blog, tu também podes.