sexta-feira, 26 de agosto de 2011

vidas possíveis XIV.


Dentro do carro, o Tiago conduzia sem um destino certo. Parou numa rua sem saída e praticamente “sem vida”.
T: Renata, tu não podes ficar assim. O que é que se passou?
Contei-lhe tudo, desde o dia em que me cruzei com o Pedro, até hoje. Ele não achou muita piada ao facto de eu ter beijado um rapaz com a fama que tem mas apoiou-me e nunca me julgou. Ficamos ali a conversar durante horas e por fim o meu telemóvel toca, era o Diogo.
R: Tiago, temos de ir.
T: Onde? Porquê?
R: Está a ficar tarde e a Joana e o Diogo vão lá a casa.
T: Já sabes o que vais dizer aos pais?
R: Vou dizer que me estava a sentir mal, eles sabem que na altura da menstruação eu fico sempre assim.
T: E choras?
R: Às vezes sim.
T: E nunca me disses-te nada?
R: Queres que te diga o quê ? “Tiago veio-me o período e dói-me muito”?
T: Pois, realmente prefiro não saber.
Ele fez-me sorrir. É um bom irmão e preocupa-se, mas tal como eu, tudo o que envolva sangue, ele dispensa.
A caminho de casa pus o colar do Pedro ao pescoço e juntei a chave da cabana às chaves de minha casa, era uma maneira de o sentir comigo e de sentir aquela cabana como minha casa também. Quando finalmente chegamos, o Diogo e a Joana já lá estavam. Entramos e deparámo-nos com todos na sala a conversar. Eu subi para o meu quarto, o Tiago foi ter com eles.
Passados nem dois minutos batem à porta.
R: Entrem.
J: O teu irmão disse que estavas com dores da menstruação.
D: Mas como é óbvio, não nos acreditamos. O que é que ele te fez?
R: Nada.
D: Nada? Renata tu estás a chorar.
J: Amiga, podes falar connosco.
Contei tudo, mais uma vez. O Diogo estava pior que furioso, não parou de andar de um lado para o outro enquanto eu falava mas no fim lá percebeu que ele não me fez nada de mal e acalmou. A Joana simplesmente esteve ali do meu lado, ouviu tudo até ao fim e compreendeu.
J: Já jantas-te?
R: Não, não tenho fome.
D: Íamos-te levar a jantar fora, mas os teus pais convidaram-nos a jantar cá, por isso vamos.
R: Não quero.
J: Renata, vamos.
O Diogo pegou em mim mas depressa me largou.
R: Diogo asério, não quero comer.
J: Eu vou lá abaixo. Diogo anda.
Pensei para mim que nada me iria tirar dali, só quando o Pedro chegasse é que eu voltaria a sair de casa.
Passados um bom bocado aparecem eles com tabuleiros na mão. Foram buscar o jantar para comermos no meu quarto.
R: Já disse que não tenho fome.
D: Mau Renata, já me estás a tirar do sério. Vais comer ou vou ter de te meter a comida pela boca abaixo?
R: Oh Diogo ..
D: Como é que vai ser?
R: Eu como.
A Joana foi buscar o meu pc, ligou-o à televisão e estivemos a ver uma comédia enquanto jantavamos. Mesmo estando sempre a pensar no Pedro, eles sabem como me animar e distrair durante um bocado, afinal de contas não era o fim do mundo, ele foi para o Brasil, mas volta, ele prometeu.

1 comentário:

  1. O texto está liiindo
    P.S. Oh pah adoro ler o meu nome no meio da história :)

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