terça-feira, 10 de maio de 2011

vidas possíveis VI.


Só parei de correr quando finalmente vi a mota, isso significava que estava perto da estrada e de um transporte para me poder levar a casa, afinal de contas aquilo ainda era distante para ir a pé, mas mesmo assim continuei a andar até encontrar uma paragem.
P: Renata espera, eu levo-te a casa.
R: Não quero, não preciso de nada teu.
P: Eu não te vou deixar ir sozinha, disse que te levava a casa e é isso que vou fazer, mesmo que nunca mais me fales. E para além disso aqui não passam autocarros e os táxis são muito caros, espera.
R: Eu vou a pé, não te preocupes.
P: Oh Renata, pelo amor da santa, eu levo-te e não se fala mais nisso.
R: Não, já te disse que não quero.
Sem que eu me apercebesse, ele chegou à minha beira, pegou em mim e levou-me pelo ombro, tal e qual se leva um farrapo velho.
R: Pedro pousa-me no chão, estás parvo ou quê?
P: Não te deixo ir sozinha.
R: Eu não quero nem preciso da tua ajuda, laarga-me.
P: Cala-te.
R: Calo-me? Mas tu pensas que mandas assim em mim?
Ele assobia o “atirei o pau ao gato”.
R: PEDRO, POUSA-ME NO CHÃO!
Ele não disse mais nada e fomos assim durante o caminho, calados.
P: Agora chegamos a casa dos meus avós, já que não me deixas levar-te a casa, vamos entrar, eu conto-te o que tinha para contar e depois o meu avô leva-te a casa.
Pousa-me no chão.
R: Não preciso, não quero e não vou.
P: Tu aqui não mandas nada, ainda não percebes-te?
Olhei para ele com um ar ameaçador mas não me valeu de nada, ele pegou no meu braço e puchou-me para dentro sem eu sequer me conseguir escapar. Ele estava a começar a enervar-me, nenhum rapaz mandava assim em mim, ele passou de oito a oitenta e isso já me estava a ficar atravessado, só me apetecia bater-lhe mas não podia, estava em casa de pessoas mais velhas e tinha de me comportar e ter respeito.
Entramos em casa e a avó dele apareceu.
- Olá Pedro, por aqui?
- Sim avó, vim até à cabana.
- E trouxes-te uma amiga, quem é, posso saber?
- Ah sim claro, é a Renata. Renata esta é a minha avó Cecília.
- Boa tarde D. Cecília – disse eu.
- Boa tarde Renata, queres comer alguma coisa?
- Não, muito obrigada.
- Avó, nós vamos para a sala, quando o avô chegar avisas-me se faz favor?
- Claro Pedro, vai lá.
Passamos pela cozinha e pela porta de um quarto que deveria de ser dos avós dele, depois chegamos à sala. Ao contrário do que pensava, a casa estava decorada como se lá vivessem um casal de vinte e poucos anos, toda a decoração era moderna. Sentamo-nos, ele olhou para mim mas eu virei a cara.
P: Renata, tens a certeza que queres saber?
R: Não, agora já não quero.
P: Ai mãe, como é que querem que um homem perceba a cabeça das mulheres, não dá, é completamente impossível.
Mantive-me séria mas por dentro estava a rir-me ás gargalhadas, eu estava chateada com ele, mas nem por isso aquele momento  deixou de ter piada.
R: Tens dois minutos para contar e um já passou.
P: Eii, isso assim não vale.
R: Não te despaches não.

- continua.

3 comentários:

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