segunda-feira, 16 de maio de 2011

vidas possíveis VII.


P: Prometes-me que me deixas explicar tudo até ao fim?
R: Não achas que já estás a pedir demais?
P: Deixa de ser ranhosa.
Ao mesmo tempo que o diz dá-me um encosto de ombro.
R: Eu não te dei autorização para me tocares.
P: Desculpe miss, não queria perturbá-la.
R: O tempo está a contar.
P: Pronto ok, eu conto. Mas poss..
R: Vai directo ao assunto, não gosto de rodeios.
P: A minha ex-namorada acusou-me de violação perante a minha turma inteira.
Eu afasto-me.
R: A tua? O quê? Ex-namorada? Violação? Ah?
P: Fui directo, mas agora posso explicar?
R: És tu o rapaz que violou a Leonor?
P: Não, ela nunca foi violada. Posso explicar?
Ele estava calmo, e se há coisa que uma pessoa culpada nunca está é calma e só por isso ele já me fez ouvir o que tinha para dizer. Voltei para o lugar onde estava antes de ele me ter dito tal coisa.
R: Sim, podes.
P: Nós namoramos cerca de 18 meses e no 16º mês eu descobri que ela me andava a trair com outro rapaz, o qual eu nunca consegui descobrir realmente quem era. Feito isto, falei com ela e disse-lhe que se ela não estava feliz comigo ao ponto de me trair, o melhor era terminarmos a nossa relação.
R: E continuaram a namorar até aos 18 meses?
P: Calma, deixa-me acabar. Ela não queria que o namoro acabasse, disse-me que fazia tudo o que eu pedisse para que continuassemos juntos mas eu não aceitei, então ela disse que me acusava de violação se eu terminasse o namoro. Acabamos por discutir, levei um estalo por ter dito coisas que ela não queria ouvir e como estava farto daquilo disse que ficava tudo igual e depois falávamos.
Quando eu queria falar com ela, ela nunca atendia chamadas, não respondia a mensagens e inventava sempre uma desculpa para que eu não a conseguisse ver, só estava comigo na presença de outras pessoas, o que tornava tudo muito mais complicado porque se eu falasse ela dizia que eu a tinha violado. Estivemos assim durante dois meses até que eu me fartei, não pensei duas vezes e acabei com ela mesmo em frente a toda a gente e foi aí que ela me acusou de violação.
R: E como é que eu sei que essa história é verídica?
P: Ela nunca apresentou queixa na polícia, limitou-se a contar essa mentira a toda a gente, incluindo os meus familiares e os dela. Eu deixei que ela dissesse tudo o que queria porque ia acabar por “meter a pata na possa”. E assim foi, ela inventou uma data mas correu-lhe mal porque o dia que ela escolheu foi o do casamento de um primo meu, no qual eu estive presente e nem sequer a vi, tenho a minha família inteira testemunha disso. Só que como tudo, há quem acredite nela, e há quem acredite em mim e pelos vistos há mais gente do lado dela porque dizem que a minha família só me quer proteger.
R: Mas tu tens provas, ou não?
P: Tenho, mas não devo satisfações a ninguém lá da escola. Quem deveria saber a verdade, já o sabe, que são os meus familiares e os dela, o resto só acredita no que quer.
R: Eu sou-te sincera, acho que se estivesses a mentir não estarias assim tão calmo, mas eu já ouvi tanta coisa que estou mesmo confusa. Eu gostei de te conhecer e quero acreditar que o que dizes é verdade, mas há algo que não deixa. A única maneira era ouvir da boca de algum familiar teu que era tudo mentira, achas que é demais?
P: Claro que não, eu também gostei de te conhecer e por isso é que estive aqui contigo até agora. Eu vou chamar a minha avó.
Ele saiu da sala e fez-me sorrir, eu acreditei nele desde o primeiro minuto porque me mostrou que estava a ser sincero e os olhos dele não enganavam ninguém, mas eu não podia deixá-lo a pensar que era assim tão fácil.
A avó dele entrou na sala e confirmou tudo o que ele disse, falamos durante bastante tempo até que ela teve de ir fazer o jantar.
P: Então e agora, convencida?
R: Sempre estive, só quis ver a tua reacção a algumas atitudes minhas.
Dei-lhe um encosto de ombro e sorri-lhe. Ele retribuiu o sorriso e pousou a mão dele em cima da minha.

- continuo?

1 comentário:

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