sábado, 16 de abril de 2011

vidas possíveis II.


Vejo um rapaz, que entre correr para as aulas e ajudar-me a apanhar os cadernos, fica ali, impávido e sereno a olhar para mim, como se nada se passa-se.
- Olha amigo, ou vais e não tens falta ou ajudas-me e bem podes esquecer esta aula, aí especado é que não resolves muita coisa. – disse eu.
- Eu .. ahh .. sabes .. quer dizer .. hmm .. sim, eu ajudo-te – disse ele completamente atrapalhado – desculpa ter-te espalhado isto tudo no chão, mas é que não posso ter mais faltas a esta disciplina e pronto ..
- O quê? Não podes ter mais faltas? E estás aqui a fazer o quê?
Tirei-lhe os cadernos da mão, peguei na mochila dele e fui a empurrá-lo até ao início do corredor.
- Despacha-te, ainda vais a tempo, não vais ter falta por minha causa, vá mexe-te.
Certifiquei-me que ele entrava na sala e só depois voltei para o caos da entrada da escola, arrumei tudo e fui também para a minha sala. A aula passou, tocou para o intervalo, e como sempre, fui com o Diogo e a Joana até ao bar da escola para comermos qualquer coisa.
- Desculpa ter-te deixado a arrumar aquilo tudo sozinha – disse o tal rapaz da entrada da escola.
- Tu outra vez? Deixa lá isso? Tives-te falta ou conseguis-te safar-te?
- O stor perdoou-me esta última vez mas disse que não volta a fechar assim os olhos.
- Pronto, então agora o que tens a fazer é olhar bem por onde andas – digo eu com uma gargalhada.
- Sim, eu prometo que não te atropelo mais ..
- Renata, chamo-me Renata.
- Sim isso, Renata, eu sou o Pedro. Olha, tenho uma maneira de te compensar pelo desastre de hoje.
- Ai sim? Como?
- Hoje levo-te a casa, tenho mota.
- Olha que eu aceito Pedro ..
- Está bem, então hoje espera por mim na entrada da escola, eu levo-te.
- Combinado, até logo.
Voltei para perto do Diogo e da Joana que estranharam o facto de eu falar assim com um rapaz que não conheço, mas nem comentaram e fomos outra vez para perto da sala para a próxima aula.
No fim do dia fui ter com o Pedro e ele já lá estava à minha espera, com dois capacetes na mão. Só neste momento é que olhei bem para ele, embora com cabelo e olhos castanhos, nem muito alto, nem muito baixo, com umas calças de ganga escuras e uma t-shirt às riscas, até era engraçadinho. Ele esboçou um sorriso.
P: Pronta para a melhor viagem da tua vida?
R: Sim claro, eu espero é chegar viva a casa, ainda tenho muita coisa por fazer.
P: Ahh pois tens, a quem o dizes, agora agarra-te bem e vai-te habituando.

- digam-me, devo continuar ou fico por aqui?

1 comentário:

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