vidas possíveis III.

Dei uma enorme gargalhada mas assim o fiz, pus o capacete, agarrei-me bem a ele e seguimos viagem.

R: Pedro, para minha casa tinhas de virar naquela rua.

P: Eu sei.

R: Sabes? Então porque é que vieste em frente?

P: Quero-te mostrar uma coisa.

R: Uma coisa? E quem te disse que eu queria ver essa coisa?

P: Digo-te eu, confia em mim.

E, por incrível que pareça, eu confiei. Não o conhecia à mais de umas horas, mas ele transmitia-me segurança, coisa que nunca nenhum rapaz me transmitiu, o que me levava a ter muitas perguntas a rondarem a minha cabeça.

P: Chegamos.

R: Chegamos? Mas estam..

P: Calma, não comeces com perguntas, já te disse, confia em mim pode ser?

R: Mas ..

Ele pegou no meu rosto e olhou-me nos olhos.

P: Pode ser ou não?

R: Pode.

Não consegui contrariar, parecia que ele me tinha enfeitiçado ao olhar para os meus olhos, não me saiu mais nada, só aquela palavra. Ele pegou na minha mão e mostrou-me o caminho, estavamos no meio do mato ou lá o que aquilo era, eu nunca tinha lá ido e não fazia a mínima ideia para onde ele me levaria, cheguei mesmo a pensar as piores coisas pelo caminho, mas confiei nele, tal como me pediu.

Andamos sem exagero uns cinco minutos pelo mato dentro até que ele pára.

P: Só para que fiques a saber, este sítio é especial para mim, venho aqui desde os meus sete anos e que eu saiba não é frequentado por mais ninguém. Foram poucas as pessoas que aqui trouxe porque isto é como um refúgio, é o único lugar onde me sinto realmente bem. Queria-te pedir que não contasses a ninguém que te trouxe até cá, pode ser?

R: Sim claro, não te preocupes, também podes confiar em mim.

Eu só não conseguia perceber porque é que me levava logo a mim até ali, mal me conhecia e ia partilhar comigo um sítio que pelos vistos lhe é muito pessoal mas deixei esses pensamentos para depois e continuei o caminho, estava bastante curiosa para conhecer o lugar misterioso.

- continua.