segunda-feira, 25 de abril de 2011

vidas possíveis IV.


Depois de passar por entre silvas e arbustos, quando finalmente chegamos deparei-me com um espaço amplo rodeado por árvores e com relva cortada, lá passava um pequeno rio com uma água límpida, tinha duas árvores lindíssimas onde em tempos contruíram uma pequena “casa”.
R: Pedro, que sítio é este?
P: Gostas?
R: Se gosto? Parece que estou num daqueles filmes para crianças, isto é lindo. E esta casa ou lá o que é, foste tu que a fizes-te?
Ele ri-se.
P: Achas-me capaz de construir uma coisa destas?
R: Não sei, eu mal te conheço.
Ele aproxima-se e os nossos olhares cruzam-se.
P: Podemos muito bem mudar isso.
R: Ah .. pois .. podemos claro, mas .. antes de tudo conta-me como é que encontras-te este sítio.
Como é que ele me conseguia deixar atrapalhada desta maneira? Estava completamente confusa, as perguntas na minha cabeça continuavam a andar de um lado para o outro, eu não conseguia nenhuma resposta e estava a começar a ficar frustrada mas sentei-me no chão e puxei-o para o meu lado.
P: Então é assim, os meus avós moram aqui perto e em criança era para casa deles que eu ia depois das aulas, eles sempre me deram muita liberdade e deixavam-me andar neste mato à vontade porque sabiam que não havia perigo. Houve um dia que encontrei este lugar, tinha flores onde agora estamos sentados e naquelas árvores havia apenas um baloiço pendurado. A partir dessa altura é para aqui que venho praticamente todos os dias, mostrei-o ao meu avô e ele, com a minha ajuda e a do meu pai, construiu esta cabana quando eu tinha nove anos, fui eu que a pintei, a minha avó e a minha mãe decoraram-na por dentro e trataram da relva. Agora sou eu que faço todas essas coisas e eles, a minha irmã gémea e os meus primos são as únicas pessoas que conhecem este lugar, para além de ti claro.
Eu fiquei a olhar para ele, não queria acreditar no que acabara de ouvir.
R: Não tenho palavras, estou maravilhada com o que me acabas-te de contar e com este lugar. É mesmo bonito e a maneira como tudo isto surgiu parece saído de um conto de fadas. Posso pedir-te uma coisa?
P: Claro que podes.
R: Posso subir e ver como está decorada por dentro?
P: Podes subir e podes cá vir as vezes que quiseres, não sei porquê mas hoje de manhã quando olhei para ti senti uma enorme confiança, parece que te conheço desde sempre e que este lugar também te pertence.
R: Oh Pedro não, isto é teu e eu não o quero tirar de ti, tens uma história sobre este lugar e foi a tua família que o “construiu”, eu só virei aqui se tu assim quiseres e me trouxeres, de outra maneira não fará qualquer sentido.
P: Pronto está bem, vamos subir então?
R: Claro, quero mesmo ver como é por dentro.
Levantamo-nos e agora foi a minha vez de o puchar para mim e de o olhar nos olhos.
R: Obrigada por confiares assim em mim, eu não tenho palavras para descrever o turbilhão de sentimentos que hoje me fizes-te sentir, nunca ninguém o tinha conseguido, estás de parabéns.
Ambos sorrimos e ele abraçou-me, deu-me um beijo na testa e levou-me até à cabana.

- continua.

1 comentário:

  1. Adoro!
    Quero que uma história destas se passa comigo :D
    amo-te minha patanisca escritora.

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